quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Uma ameaça escura


Escurecimento Global...
A mídia nunca deu muita importância, especialistas climáticos falam pouco ou não prestam a devida atenção e os relatórios do IPCC nem ao menos o citam.
O escurecimento global é a diminuição da quantidade de radiação que chega à superfície terrestre que, paradoxalmente, pode significar que o aquecimento global é muito mais ameaçador do que se pensava.
Muitas pesquisas foram publicadas nos anos 90 sobre o assunto e reportavam que os raios solares decaiam na Irlanda, que tanto a Antártida quanto o Ártico estavam ficando mais escuros e que a luz no Japão, a suposta terra do sol nascente, estava na verdade diminuindo.
Dados revelam que nos últimos 50 anos a quantidade média de radiação solar que atingiu o solo caiu em 3% a cada década. Apesar de parecer pequeno, implica em conseqüências para as mudanças climáticas, energia solar e fotossíntese das plantas.
Outros estudos mostraram ainda que a radiação solar havia caído 10% nos EUA, cerca de 30% em partes da antiga União Soviética e 16% em partes das ilhas britânicas.
Apesar das últimas pesquisas sobre o assunto terem sido publicadas em revistas científicas há dois anos, o fenômeno continua nos céus esperando para que alguém o acompanhe atentamente.

Quem e como descobriu?
Em 1985, o pesquisador geográfico Atsumu Ohmura, do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, descobriu que os níveis de radiação solar haviam caído mais de 10% em três décadas. “Eu estava chocado. A diferença era tão grande que eu não conseguia acreditar”, disse.
Ohmura foi o primeiro cientista a publicar um estudo sobre o “escurecimento global”, em 1989. Claro, foi totalmente ignorado pela comunidade cientifica que andava se preocupando com o inverso – o aquecimento global.
Em 2001, o inglês Gerry Stanhill, em conjunto com Shabtai Cohen, publicou uma pesquisa que comparava os registros de raios solares em Israel nos anos 50 com os atuais. O pesquisador observou uma impressionante queda de 22% dos raios solares, que o deixou surpreso. Intrigado, ele foi em busca de dados similares de outros pontos do mundo, e encontrou a mesma história em todo local que procurava.
Eles coletaram todas as evidências disponíveis e provaram que, em média, os registros mostravam que a quantidade de radiação solar que alcançava a superfície da Terra tinha diminuído entre 0,23 e 0,32% em cada ano, entre os anos de 1958 e 1992.
Stanhill batizou o fenômeno de “escurecimento global” e, a sua pesquisa também foi recebida com ceticismo pela comunidade científica.
Porém naquele mesmo ano, o cientista climático Graham Farquhar, da Universidade Nacional da Austrália e seu colega Michael Roderick publicaram um estudo que cruzava dados sobre o escurecimento global com taxas de evaporação das chuvas na revista mais bem conceituada americana - a Science. Depois de mais de 20 anos da primeira observação, o escurecimento global finalmente ganhava destaque.
Farquhar utilizou um método completamente diferente para confirmar as conclusões de Stanhill. Estudos e mais estudos usando uma panela de metal cheia de água mostraram que as taxas de evaporação têm caído nos últimos anos. Este era um dos maiores mistérios da ciência climática, uma vez que, já constatado o aquecimento da Terra, esperava-se um aumento na taxa de evaporação.


Quando Farquhar comparou estes dados com os do escurecimento global, eles bateram perfeitamente. A redução na evaporação era causada pela menor quantidade de água que brilhava na superfície aquática. Foi então que os cientistas climáticos acordaram para o problema e começaram a tomar nota, apesar de alguns ainda se recusarem a aceitar, acusando a falta de precisão do equipamento de registro dos dados.
“É uma coisa extraordinárias que, por alguma razão, isto não penetrou nem mesmo nos pensamentos das pessoas que olham para as mudanças climáticas globais”, disse o Farquhar para o jornal britânico The Guardian, em uma reportagem de 2003.
O cientista atmosférico do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, Martin Wild, liderou um estudo publicado na Science em 2005 que mostra que houve um significativo escurecimento sobre a Terra até cerca de 1990, quando os dados sugerem que iniciou um processo gradual de “luminosidade”. Wild atribui o brilho atual ao bem sucedido esforço no controle da poluição.
“De 1960 a 1980, o escurecimento foi grande o suficiente para contrabalancear o aumento induzido dos gases do efeito estufa e diminuir as grandes ondas de radiação”, disse.
Um time liderado por Bruce A. Wielick, do Centro de Pesquisas Langley da Nasa, na Virgìnia, produziu relatos das medidas do satellite da agência Aqua que mostraram uma pequena queda na quantidade de luz refletida para fora da Terra desde 2000. Os resultados da Nasa conflitam nas medidas, sugerindo que a Terra teria recomeçado o processo em 2001.
Em um artigo publicado na Revista Science, James E. Hansen, do Instituto Goddard para estudos espaciais, de Nova York, e seus colegas dizem que muito do excesso de calor gerado pelo aquecimento global tem estado armazenado nos oceanos. Mesmo se mais nenhum gás do efeito estufa for liberado para a atmosfera, eles afirmam, a Terra ficará mais quente nas próximas décadas, uma vez que o calor dos oceanos será liberado.
Pesquisadores do Laboratório Nacional do Noroeste do Pacífico em Washington descobriram que a quantidade de luz que chegava na China caiu em 3,7 watts por jarda quadrada nos últimos 50 anos. As pesquisas foram publicadas no Geophysical Research Letters em 2006.

Como é medida?
A radiação solar é medida vendo quanto o lado de um prato preto aquece quando exposto ao sol, comparado com o outro lado, que está na sombra. É um equipamento relativamente simples e não existem maneiras de provar qual exatas são as medidas feitas 30 anos atrás. “Para detectar mudanças temporais você precisa de dados muito bons, senão estará apenas analisando a diferença entre dados de sistemas possivelmente recuperados (data retrieval systems)”, diz Ohmura.
No início de 2006, a Nasa abandonou um programa que poderia ter oferecido, de alguma maneira, evidências do fenômeno. O Deep Spack Climate Observatory foi criado para observar a luminosidade do sol sobre um lado da Terra durante longos períodos.
Segundo Robert Charlson, do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de Washington, em Seattle, o satélite poderia oferecer dados sobre o escurecimento global, assim como sobre o aquecimento. O aparelho foi construído e preparado para ser lançado em 2001, porém com os ataques terroristas e a perda da nave Columbia em 2003, o lançamento foi adiado.
O resultado foi que os pesquisadores estão limitados a fotos de satélites e instrumentos de leitura no solo.

Causa
Os cientistas suspeitam que o fenômeno seja causado pela poluição. Queima de carvão, petróleo e madeira, carros e usinas energéticas não produzem apenas gases invisíveis como o dióxido de carbono, principal responsável pelo Efeito Estufa, mas também minúsculas partículas de poeira, soot, componentes sulfúricos e outros poluentes.
Essa poluição atmosférica visível reflete a luz solar de volta ao espaço, não a deixando chegar ao solo. Além disso, ela muda as propriedades ópticas das nuvens. Nuvens poluídas contem um maior número de gotas do que as não poluídas

Pesquisas recentes mostram que isto as faz refletir mais do que o normal, o que mais uma vez provoca reflexos dos raios solares para o espaço.
A pesquisadora Rachel Pinker, da Universidade de Maryland, também nos Estados Unidos, tem feito estudos baseados em imagens de satélites e argumenta que os números sugerem que algo esteja acontecendo, só não existem dados suficientes para saber o que é. "Isto pode ser o nível dos poluentes, mas também pode ser a interação de nuvens de aerosol ou instrumentos diferentes que estão fazendo as leituras”, disse em reportagem para o ABC News em 2006.

Consequências
Há sugestões de que o escurecimento está por detrás das secas da África subsaariana, o que acabou com milhares de vidas nos anos 70 e 80. Hoje se suspeita que a mesma coisa esteja acontecendo na Ásia, casa para mais da metade da população mundial.
“Minha principal preocupação é que o escurecimento global está causando um impacto destrutivo às monções asiáticas e estamos falando de bilhões de pessoas”, diz o professor de ciências climáticas e atmosféricas da Universidade da Califórnia, San Diego, Veerhabhadran Ramanathan.
O mais alarmante é que os cientistas podem ter subestimado o verdadeiro poder do efeito estufa. Eles sabem quanta energia extra tem sido mantida na atmosfera terrestre em função do dióxido de carbono que emitimos. O os surpreendem é que esta energia extra até agora resultou em um aumento de apenas 0.6º C.
A conclusão para muitos era de que o clima atual é menos sensível ao efeito do dióxido de carbono (CO2) que era, digamos, na era do gelo, quando um aumento similar de CO2 levaria a um aumento de 6º C.
Mas agora parece que o aquecimento dos gases do efeito estufa foi neutralizado por um forte efeito de resfriamento causado pelo escurecimento – na verdade um ou dois poluentes teriam cancelado um ao outro. Isto significa que o clima na verdade é mais sensível ao efeito estufa que se pensava anteriormente.
Se for isso, então temos más notícias, de acordo com Peter Cox, um dos modelares climáticos líderes do mundo. Do jeito que as coisas andam, os níveis de CO2 são projetados para crescer fortemente nas próximas décadas, enquanto existem fortes sinais de que as partículas poluentes têm sido controladas.
Ohmura diz que as imagens de satélite das nuvens sugerem que o céu se tornou ligeiramente mais limpo desde o início da década de 90 e isto vem sendo acompanhado por uma abrupta subida de temperatura. Ambos os fatos podem indicar que o escurecimento global está diminuindo, e isto pode estar ligado à redução geral da poluição atmosférica, através do declínio da indústria pesada em partes do mundo nos anos recentes.
Também é possível que o escurecimento global não seja inteiramente causado pela poluição atmosférica. “Eu não acredito que os aerossóis sozinhos poderiam causar tanto escurecimento global”, diz Farquhar.
Até as mais pessimistas previsões de aquecimento global precisariam de uma revisão dramática, pois com um aumento de 10º C nas temperaturas em 2100 em jogo, daria ao Reino Unido um clima como o da África do Norte, e deixaria muitas partes do planeta desabitadas.
Por Paula Scheidt, CarbonoBrasil com informações da BBC Brasil, The Guardian, N.Y Times e ABC News

http://u1livro1.blogspot.com/2011/07/escurecimento-global-um-dos-temas-que.html   
acesso 11 de setembro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Entre sombras: O escurecimento Global

Entre sombras: El Oscurecimiento Global
Universia Peru (09/08/2007)



   Há alguns anos, a crescente preocupação com nosso meio ambiente e a proliferação de congressos sobre o assunto levaram aos primeiros termos, como o ‘aquecimento global’, ‘camada de ozônio’ ou ‘efeito estufa’. Lidando ainda com as preocupações que cada um deles representa, agora devemos considerar outro que é um perigo iminente: o escurecimento global.
 O escurecimento global nada mais é do que a redução gradativa da quantidade de luz solar que chega à superfície terrestre. Desde os anos 50 do século passado, está diminuindo a uma taxa de 4% em três décadas. Sua causa mais recorrente é a contaminação gerada pela espécie humana – uma crescente presença de aerossóis e partículas provenientes da combustão incompleta de combustíveis fósseis ou madeira.
Todos estes resíduos atuam como núcleos de condensação em torno dos quais se formam gotas microscópicas que vão se unindo. Isso faz com que haja mais nuvens notoriamente mais brancas que o necessário. Este tipo de nuvem é mais eficaz que qualquer outro em refletir a luz solar para o espaço. As partículas contaminantes que as atividades humanas liberam estão provocando um efeito de espelho na atmosfera, chegando a bloquear até 20% da radiação que deveria nos alcançar em condições normais.
E isso não é tudo. Segundo o professor Waldo Lavado do Laboratoire des Mécanismes et Transferts en Géologie, Toulouse, França, as nuvens não apenas bloqueiam o calor do Sol, mas também o que é irradiado pela Terra. Isso faz com que, durante o dia, se produza um efeito de esfriamento. E que, à noite, a reemissão do calor irradiado pela Terra retarda a perda de calor do planeta, retendo uma boa parte deste.
A Terra está em equilíbrio perfeito no sistema solar. Ou seja, Toda energia que o Sol projeta sobre ela, volta a sair com o tempo, refletida. Se algum fator alheio à ação da natureza é incluído, como o CO2 ou o metano, essa capa não natural na atmosfera impede que a radiação terrestre escape e faz estas emissões rebaterem de volta à Terra, na sua tentativa de sair desta. Assim o planeta vai se transformando em um forno de micro-ondas, que se aquece lentamente.

Um Panorama quente e sombrio

Como consequência evidente a temperatura da Terra esta aumentando num ritmo dramático. Calcula-se que, a este passo, o aquecimento será de 30° em 100 anos, sendo que com  um aumento de apenas 10° a Amazônia começaria a queimar. Porém ainda sem se dar conta deste desolador panorama, o escurecimento global já interferiu repetidas vezes no processo de fotossíntese, provocando secas em determinadas zonas.
 De acordo com o professor Lavado, até agora os cientistas elaboraram suas equações com um número muito limitado de variáveis. Em geral, os fenômenos naturais dependem de um grande número destas, muitas das quais nem ao menos suspeitamos. Trata-se de equações lineares, onde uma pequena alteração em seu valor ou a inclusão de uma nova variável desconcerta todo o modelo.
Atualmente, já se está buscando substitutos para os combustíveis de origem orgânica. O projeto ITER, no qual participam muitas das potências mundiais, por exemplo, foi criado para construir o primeiro reator de fusão que produza mais energia do que consume, quer dizer, que seja rentável ao menos do ponto de vista energético. Isso contribuiria enormemente para o desaparecimento das partículas residuais na atmosfera, evitando que o problema do escurecimento global se agrave.

Tradução: Carine S. Albano

Documentário exibido pela BBC sobre o Escurecimento

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Escurecimento global: um problema ecológico desconhecido até agora, mas que pode ser tão grave como o aquecimento global

Oscurecimiento Global: Un problema ecológico desconocido hasta ahora, pero que puede ser tan grave como el calentamiento global 
Piero Zanatta (Revista Verano, 2006)


É fato: a quantidade de radiação solar que chega à superfície terrestre reduziu gradual e globalmente, em até 10%, devido à contaminação atmosférica, com consequências imprevisíveis para a Terra. Este fenômeno foi denominado Escurecimento Global.
Esse é um fenômeno real que, apesar de ter sido claramente observado e estudado há duas décadas, é pouco conhecido pela população, pelos governos e inclusive pela própria comunidade científica.
A combustão de fontes de energia fósseis, como o carvão e o petróleo, não gera apenas resíduos de dióxido de carbono e outros gases responsáveis pelo efeito estufa. Libera também pequenas partículas de cinza, fuligem e compostos de enxofre que refletem a luz solar ao espaço, diminuindo-a em sua viagem em direção a superfície terrestre e provocando o que se conhece como “efeito espelho”, que causa um efeito de esfriamento.
Esta contaminação atmosférica reduziu em 10% a radiação solar incidente na Terra durante os últimos 50 anos, afetando diretamente a fotossíntese, o comportamento, formação e composição das nuvens, implicitamente potencializando as secas, e o mais grave de tudo: seu efeito de esfriamento neutralizou o aquecimento global, o encobrindo, o que nos levou a subestimar o impacto do efeito estufa e os verdadeiros alcances do aquecimento global.
Os diversos relatos que se descrevem na continuação, mostram como as conclusões de diferentes cientistas em diversas partes do mundo, com métodos de medição completamente diferentes e sem se conhecerem, chegaram à mesma conclusão.
O climatólogo japonês Atsumu Ohmura foi o primeiro a intuir o escurecimento global em 1989, baseando-se na radiação solar e no balanço energético da Terra. Formou um grupo de investigadores do clima, e os resultados foram em parte a base de um informe que revelou no final dos anos 80, a existência de uma diminuição considerável da luz solar que chega a superfície do planeta com respeito ao nível de 1960, e coube a outros cientistas a tarefa de encontrar as possíveis causas.
As observações de Gerry Stanhill, especialista em irrigação em Israel, em 1992, foram contundentes: observou o fenômeno partindo de uma redução significativa da taxa de evaporação em tanque*, ou seja, a quantidade de água que evapora de um tanque exposto ao sol diminuiu progressivamente. A evaporação da água não depende da temperatura elevada no planeta nem da umidade, contrariamente ao que se poderia esperar devido ao aquecimento global. Depende sim da radiação solar direta recebida, porque são os fótons da luz que, ao impactar sobre a superfície da água, cedem energia suficiente para que estas moléculas que se encontram enlaçados por pontes de hidrogênio se desprendam do resto. Por isso, a única explicação possível a essas medições, e que recebemos cada vez menos radiação solar.
A mesma tendência foi observada e confirmada por agricultores meteorologistas de todo o mundo, mesmo com variações para cada região, a redução da evaporação era clara e progressiva.
Outros estudos reforçariam ainda mais tais conclusões, por meios completamente diferentes. Experimentos realizados no arquipélago das Maldivas, comparando a atmosfera das ilhas situadas ao norte com as do sul, mostraram que os efeitos contaminantes da atmosfera daqueles dias, provenientes do norte desde a Índia, produziam uma redução aproximadamente 10% da luz solar que alcançava a superfície na zona abaixo da nuvem contaminada. Isso que sugere uma redução bem maior do que a esperada somente pela presença de partículas contaminantes. Antes de fazer tais investigações, as previsões apontavam que os aerossóis antrópicos (partículas contaminantes suspensas) contribuíam para o efeito em apenas entre 0,5% a 1%. A enorme variação observada contra a previsão se explica porque na formação de nuvens contaminadas as partículas agem como núcleos de condensação de um número maior de gotas, ainda que de menor tamanho, criando novas nuvens, que são mais eficazes refletindo a luz de volta ao espaço.
Por outro lado, um grupo dirigido por Martin Wild no Instituto Federal de Tecnologia Suíço em Zurique, sede do arquivo da BSRN (Baseline Surface Radiation Network), começou uma investigação mediante um rastreamento de medidas e cálculos conduzidos pelo Programa de Medidas da Radiação Atmosférica. Essa pesquisa crucial, já que revela que a superfície do planeta aumentou a luminosidade em 4% durante a década passada. Esta tendência ascendente do brilho planetário está corroborada por diversos dados, inclusive várias analises por satélite. O que confirma que a contaminação das partículas suspensas nas nuvens faz que estas reflitam mais a luz solar que as nuvens limpas devolvendo ao espaço e aumentando o brilho planetário.
Anos depois, foram feitas outras investigações sobre um acontecimento muito esclarecedor, que viria a demonstrar o que se esperava:
Após os atentados às torres gêmeas de 11 de setembro, se fechou o espaço aéreo estadunidense, o que diminuiu consideravelmente as trilhas de fumaça altamente contaminante dos reatores que os aviões deixam, e que formam as nuvens refletoras (por se tratar de um resíduo da combustão de um hidrocarboneto, ou seja, um combustível fóssil). Nos 3 dias seguintes se incrementou a temperatura média em 1,2° centígrados em todo o país, o que não se observava há décadas.
Recentemente no congresso anual da União Geofísica Americana em Montreal, uma parte da comunidade científica expôs pela primeira vez a gravidade do assunto de maneira oficial e mundial, mostrando sua importante preocupação, pois apenas agora se está tomando consciência de que o escurecimento global é uma terrível realidade.
Mais que provavelmente, o escurecimento global pode ter causado mudança em grande escala nos padrões climáticos, já que seu impacto é diverso.
Ao haver menos radiação solar, há menos evaporação da água e menos formação de nuvens, e por consequência menos precipitações, agravando mais as zonas áridas já afetadas pelo aquecimento global; e para que estas produzam as colheitas desejadas requerem mais energia, que contamina ainda mais, e esta energia é menos disponível pela baixada de represas, fechando o ciclo vicioso.
O escurecimento global está afetando o ciclo da água e o comportamento das nuvens em geral. Os modelos climáticos interferiram na falta de monções na África subsaariana durante os anos 1970 e 80 que provocaram as graves crises e fome. Por um momento se culpou o desmatamento e a má gestão de terras, hoje se sabe e considera-se uma pequena mostra do pode ser o escurecimento global.
A composição da atmosfera e das nuvens está mudando, transformando-se em um espelho refletor que reduz a passagem da luz solar, afetando também a fotossíntese de toda a vegetação planetária já que o fenômeno é global.
Pusemos em xeque o ecossistema do nosso planeta; enquanto o aquecimento global provoca mais chuvas nas zonas úmidas e mais secas nas zonas áridas, o escurecimento diminui as precipitações, reforçando ainda mais as secas, o que é muito grave para as zonas áridas. E, por outro lado, esfria o planeta, o que por hora tem nos ajudado ao que o aquecimento global tem mostrado apenas uma máscara amável. Porem se deixarmos de emitir a contaminação que tira a transparência da atmosfera, liberamos a cara feroz e real do aquecimento global.
As medidas impostas nos últimos anos na União Européia ajudaram a diminuir as emissões de partículas em indústrias e automóveis melhoraram a qualidade do ar. Mas infelizmente, o aquecimento global deixou os verões calorosos, principalmente o de 2003 com número recorde de mortalidade na França, incêndios por toda a Península Ibérica, especialmente em Portugal de norte a sul, graves secas na Espanha e inundações em vários países na União.
Podemos estar politicamente divididos, mas ecologicamente estamos entrelaçados. A natureza entende de divisões e se comporta como um todo; O que uma parte contamina afeta a outra; a irresponsabilidade de um indivíduo, um grupo, ou um país afeta a todos nós.
O objetivo deste artigo não é preocupar, e sim mostrar o que acontece para poder prevenir, tomando medidas e decisões responsáveis, se é que ainda temos tempo.
Devemos ir à origem do fenômeno para poder solucionar o problema definitivamente: Não podemos continuar queimando combustíveis fósseis de maneira completamente irresponsável, como até agora, para satisfazer nossas necessidades energéticas. Temos que produzir apenas resíduos biodegradáveis para a natureza sem alterar seu equilíbrio natural e, ainda, conseguir que isso seja economicamente viável. Porém, mesmo que conseguíssemos, talvez já seja muito tarde, pois os combustíveis fósseis estão dando mostras claras de esgotamento; está chegando ao fim por não ser renovável e seu preço não deixará de subir.
Evidentemente para satisfazer a demanda energética temos que optar por fontes limpas, perpetuamente disponíveis e viáveis, como a solas, eólica, biomassa, maremotriz, geotérmica, micro hidráulica, etc.
Já no caso do transporte é preciso fazer plano de mudança urgente para deixar de fabricar novos carros e aviões que se abasteçam com hidrocarbonetos substituindo por bicombustíveis (que já existem). E para os carros velhos, obrigar o uso de catalisador que poupe combustível, aumente a potência e reduza os gases.
Em vez de investir quantidades astronômicas em centrais nucleares - apenas pelo desejo de poder dos monopólios que continuemos a pagar um valo mensal, sem nenhum escrúpulo - que nos tirariam do problema do petróleo e demais fontes fósseis, para nos meter em outros problemas muito piores, deveriam investir em desenvolver a fonte de energia mais promissora, abundante e limpa conhecida até agora: o hidrogênio, com capacidade de abastecer todo o consumo necessário do planeta.
Deste jeito solucionaríamos o escurecimento global e mais: contribuiria em grande parte a solucionar o aquecimento global e se melhoraria a saúde e o equilíbrio geral da Terra.
A solução já está em nossas mãos, as fontes de energia limpas e inesgotáveis são realidade e estão ao nosso alcance, exijamo-las!

Tradução: Carine S. Albano      


* Gerry Stanhill, na verdade, observou o escurecimento através de medições da quantidade de radiação solar incidente em Israel, num intervalo de 20 anos. Os responsáveis por medir a taxa de evaporação em tanque, e que detectaram a redução desta, foram Graham Farquhar e Michael Roderick.


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Causas do escurecimento global

   
      As partículas (aerossóis) que, suspensas na atmosfera, bloqueiam a luz solar - diferentemente dos gases do efeito estufa que não interferem na visibilidade - são geradas principalmente pela combustão incompleta de combustíveis fósseis, porém há outros fatores que também as liberam, como queimadas e até mesmo os gases vulcânicos.
     Há ainda a teoria de que as trilhas de condensação deixadas por aeronaves contribuam para a formação de nuvens que refletem mais a luz solar de volta ao espaço. David Travis, nos 3 dias após os atentados de 11 de setembro, quando se fechou o espaço aéreo estadunidense, observou um aumento de mais 1°C na temperatura média (entre máxima e mínima) em todo o país, o que não era observado há décadas. Porém, pelo fluxo contínuo de aviões, essa teoria é muito difícil de ser provada.
    
    Vídeo que mostra o tráfego aéreo mundial de 24 horas:

                                

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O que é o escurecimento global?

¿Que es el oscurecimiento global?

Walter Guido Lazzarini (LaReserva,2011 )


Escurecimento global é o termo usado para descrever a redução gradativa da quantidade de luz solar que alcança a superfície terrestre. Acredita-se que este fenômeno  se produza por diferentes partículas que enviamos à atmosfera resultado principalmente da combustão de combustíveis fósseis. Ainda que o efeito varie de acordo com a sua localização, globalmente a redução foi de 4% em três décadas (1970- 1990). Ainda assim, descontando uma anomalia causada pela erupção do Monte Pinatubo em 1991, se observou uma rápida mudança nesta tendência.
O efeito foi detectado pela primeira vez pelo cientista inglês Gerry Stanhill enquanto trabalhava em Israel. Comparando os registros de quantidade de luz solar atuais com registrados nos anos 1950, encontrou que esta havia reduzido consideravelmente. Ao mesmo tempo, em diferentes lugares do mundo, através de uma metodologia simples (evaporação da água), se chegou às mesmas conclusões.
Estima-se que o escurecimento global ocorre pela combustão incompleta de combustíveis fósseis como o diesel e a madeira que liberam fuligem na atmosfera e também pelo crescente uso de aerossóis. Ao absorver a radiação solar, este fenômeno não apenas escurece a superfície terrestre, também escurece a superfície do oceano.
As partículas contaminantes que emitimos à atmosfera formam “gotas microscópicas” que se unem por coalescência (como o mercúrio). Toda nuvem contém em número determinado dessas partículas, porém o aumento causado pela contaminação atmosférica faz com que haja muito mais. As nuvens resultantes são mais brancas que as comuns e refletem melhor a luz solar; essas nuvens se comportam como grandes espelhos e como consequência, agora se devolve ao espaço mais luz solar que antes.
O escurecimento global cria um efeito de esfriamento que pode ter levado os cientistas a subestimar os efeitos dos gases do efeito estufa, mascarando parcialmente o aquecimento global.
Diferentes climatologistas expuseram a teoria de que os rastros das aeronaves (Chemptrails) também estão implicados no escurecimento global, porem o fluxo contínuo do tráfego aéreo impede que esta hipótese possa ser comprovada. Entretanto durante os 3 dias que se seguiram ao atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos, pôde-se observar uma variação de 1°C de temperatura em alguns condados do país. Isso sugere que os rastros das aeronaves poderiam ter aumentado as temperaturas noturnas e/ou diminuído as diurnas em quantidades maiores do que se pensava.
O escurecimento global pode ter causado mudanças em grande escala nos padrões climáticos. Os modelos climáticos sugerem especulativamente que esta redução da luz solar na superfície pode haver conduzido à falta de monções na África subsaariana durante os anos setenta e oitenta, junto com a fome associada, causadas porque a contaminação do Hemisfério Norte esfriava o Atlântico. Esta ideia, porém, não está totalmente aceita e é difícil de provar.
Trabalhos de investigação independentes em Israel e Holanda no final dos anos oitenta mostraram uma aparente redução da quantidade de irradiação solar, apesar  da grande evidência de que o clima está realmente aquecendo. É difícil realizar medidas precisas, porém o efeito está presente com quase total certeza.

Tradução: Carine S. Albano

O Escurecimento Global

O escurecimento global é a redução gradativa da quantidade de irradiação solar que chega a superfície terrestre. Causada principalmente pela presença de partículas contaminantes na atmosfera que deixam as nuvens mais brancas que as comuns, e melhores em refletir a luz solar de volta para o espaço.
Ao desenvolver nossa pesquisa para a monografia observamos a falta de conteúdo disponível sobre o assunto em português. Por isso sentimos a necessidade de criar um veículo para disponibilizar materiais para futuras e eventuais consultas.
  Neste blog, além de publicar artigos traduzidos, abriremos espaço para debater e comentar as causas e consequências deste novo fenômeno que afeta nosso planeta.